quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Crença limitante da prosperidade

O Correio Braziliense publicou no final de novembro uma reportagem sobre os hábitos que prejudicam a prosperidade. No meio da matéria, me surpreendi ao encontrar uma referência bíblica como justificativa para alguns dos hábitos danosos à prosperidade. Participante de uma escola de investidores, um especialista aponta o texto de Mateus 19:24, quando Jesus diz que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus, como exemplo de "crença limitante", que impede a população brasileira de prosperar mesmo em cenário de pleno emprego e aumento da renda real.

A reportagem tenta esclarecer que, na verdade, a agulha seria um portal em Jerusalém em formato de agulha. Quem lê pode pensar que há um consenso sobre o assunto, o que não é verdade. A explicação esbarra no debate teológico em que intérpretes do Novo Testamento não chegaram concluíram se Jesus falava do instrumento de costura ou da passagem estreita que haveria nos muros da Cidade Santa.

A matéria também diz que a falha do rico se popularizou porque um homem preferiu manter seus bens a seguir Jesus Cristo. "Quem não sabe da história pensa que riqueza é pecado", transcreve a repórter a partir da entrevista com o especialista. Aí, há outra controvérsia. O que mais tem sido pregado nas igrejas evangélicas é que ser rico não é pecado nenhum. Que Deus tem mais é que encher o povo de muito dinheiro só porque todo mês este povo leva o seu dízimo aos templos.

Quem dera se os líderes evangélicos levassem em conta esta palavra de Jesus e tivessem um pouco mais de temor ao colocar o enriquecimento acima do bom caráter. Crença limitante é pinçar do Evangelho interpretações que justifiquem a displicência e a preguiça de muitos pobres ou a preocupação exagerada pelas riquezas dos opulentos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cessou o maná

Vou contar com fé e com gratidão, como um testemunho de que Deus existe e me ama. Nesse dia 8 de dezembro, o Anderson se matriculou no curso de formação para soldados da PM-DF. Hoje, estávamos lembrando que, em dezembro de 2008, conversávamos sobre os planos profissionais dele para o ano seguinte e, entre as possibilidade de vários concursos, de mestrado, de dar aulas de Teologia via EAD ou de procurar um outro emprego, escolhemos investir na prova para a Polícia Militar do DF.

Dentro das nossas condições financeiras, não daria para fazer tudo e, para fazer alguma dessas coisas bem feita, era preciso escolher. O critério foi a proximidade do lançamento do edital da PM e, principalmente, a afeição que o Anderson já nutria por esta carreira. Ele veio para Brasília para ser militar, de preferência capelão e a ideia inicial era o Exército. Com seu irmão e três tios atuando como policiais militares em Goiás, esta também seria uma via desejável.

Focados, investimos tempo e dinheiro em um bom cursinho preparatório, estudando em casa e orando. Como pastor de uma igreja, muitos, amigos próximos até, disseram que, talvez, ele estivesse fugindo do chamado de Deus para o ministério. Colocamos esta preocupação diante de Deus e tivemos paz para prosseguir.

Terra boa

O dia da prova foi marcante. Já não sei quantas vezes contamos este testemunho. Um congestionamento em pleno sábado quase impediu que o Anderson chegasse ao local da prova em tempo. Um percurso que esperávamos fazer em quarenta minutos levou quase uma hora e meia. Ah, os amigos. Ah, o Senhor que colocou estes amigos em nosso caminho, ou melhor, a caminho.

Naquele dia, eu chorei. De nervoso, de medo, de insegurança. Só Deus sabe, porque, instintivamente, corri para Ele. Eu só poderia mesmo correr para Ele. Quem mais me entenderia? Só Ele conhece os meus sonhos, só Ele sabe bem quais são as minhas fraquezas.

E, naquele dia, Ele me marcou com o texto de Deuteronômio 8. No verso 7, diz: "porque o Senhor, teu Deus, te faz entrar numa terra boa". E no verso 16: "[o Senhor], que, no deserto, te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem."

Hoje, faz mais ou menos um ano e meio desde aquele dia, o tempo que durou este deserto. Quantas vezes eu pensei que o maná, que identifiquei como meu salário de jornalista, fosse acabar, que eu não iria aguentar continuar lutando contra minha timidez, contra minha preguiça, contra a pressão de sustentar a casa. Passei por três empregos, fui provada e humilhada, no melhor sentido, diante de Deus e de homens. Mas o maná espiritual também caía e me dava garantias da fidelidade de Deus que, afinal, me faria bem.

A cada dia, o maná

Certo dia, pensei que poderia fazer um acordo com Deus para fazer cessar o maná antes do tempo e guardar o suficiente para viver por três meses até que o Anderson ingressasse na PM, de acordo com os meus cálculos (errados). Usaria a recisão contratual para isso e ficaria sem trabalhar, uma espécie de férias para mim. O Pai não aceitou (Obrigado, Pai.). O maná deve ser colhido todos os dias e ele cairia até que entrássemos naquela "terra boa".

E esta provisão caiu até esse dia 8 de dezembro. No mesmo dia em que o Anderson ingressou na PM, eu emiti a última nota para o Jornal de Brasília para receber a quantia que fecha as contas do mês. Amanhã, o valor deve estar na conta. "No dia imediato, depois que comeram do produto da terra, cessou o maná." (Js 5:12).

Tudo isso pode parecer uma "forçação" dos relatos bíblicos e dos fatos. Para mim mesmo, às vezes, pareceu. Mas, a partir de hoje, contarei sempre como uma experíência de real amor de Deus por mim e de verdadeiro sinal de que tudo está em Suas mãos. Hoje, sei, no meu coração, que "como um homem disciplina o seu filho", assim me disciplina o Senhor, meu Deus (Dt 8:5). No meu coração, eu sei que Ele me trata como filha.